Monday, September 28, 2009

BMW Z4 sDrive35i DKG – Assombroso!

Muita potência, comportamento sem reparos, qualidade a rodos, versatilidade na opção coupé/cabriolet e uma caixa de velocidades fantástica são argumentos mais que suficientes para justificar o título deste ensaio. Se lhe dissermos que além de tudo isto o Z4 foi desenhado por duas mulheres, a perfeição roça-se nas sensuais curvas deste BMW.

Como os árbitros têm cor clubista, os comentadores políticos preferências políticas, os jornalistas têm paixões e gostos por marcas de automóveis. Nunca percebemos muito bem porque razão esconder esses gostos e preferências se os intervenientes forem profissionais e isentos. Lembramo-nos desta situação quando nos sentámos ao volante do Z4 porque, aqui fica a nossa confissão, a paixão pela marca bávara é uma realidade e já fomos proprietários de alguns modelos da BMW.

Provavelmente alguns dos nossos ilustres colegas irão parodiar e apontar o dedo (quando alguns deles sentem o mesmo, mas escudam-se no manto diáfano da deontologia), mas o supremo interesse dos nossos leitores e seguidores – que já são muitos e ultrapassam largamente os 20 milhares – levou-nos a esta confissão.

Amadurecido

Isto porque, voltando ao BMW Z4 sDrive 35i DKG, este carro é verdadeiramente espectacular. A BMW levou algum tempo a amadurecer o seu roadster, depois da primeira experiência com o Z3. Esse mesmo, o modelo que utilizando a base do Série 3 E30 (quando este já tinha acabado a sua vida produtiva) deu origem a um pequeno automóvel que muitos fizeram gala em possuir e declinado em versões mais ou menos explosivas com destaque para o Z3M e para o Z3M Coupé (que era feio como uma noite de trovoada, mas Meu Deus! um carro lindo de conduzir).

Depois seguiu-se o mais moderno Z4, mas as coisas não saíram lá muito bem e o carro além de não ser muito bonito não respeitava a herança desportiva da marca. Agora chega o “novo” Z4 e o que mais salta à vista são as linhas deste roadster que, finalmente, se rende à evidência dos coupé/cabriolets. Sensual como poucos, este carro desenhado por duas mulheres deixa-nos boquiabertos seja qual for o ângulo escolhido para o mirar. E as jantes de 19 polegadas (opcionais) são um mimo.

Fizemos a experiência em Peniche – onde fomos comer um belo peixe grelhado – deixando o Z4 parado em frente aos restaurantes na zona do molhe do cais de embarque para as Berlengas. Ficámos a olhar para ele e de imediato várias pessoas passaram e entre alguns comentários menos abonatórios, apenas justificáveis pelo período eleitoral que passámos, lá ouvimos vários “é pá, que lindo!” ou “ganda maquinão” ou uma voz feminina que disse “com um carro destes casava outra vez”…

E ainda por cima, o Z4 possui todas as notas que fazem do estilo BMW um verdadeiro caso de estudo: o duplo rim da grelha dianteira (estilizado, mas está lá!) e o Hofmeister Kick (a pequena inclinação do vidro latertal traseiro). Numa palavra, brilhante!

Para nós, a face mais bonita do Z4 é quando lhe escondemos a capota de alumínio. É a nossa opinião e vale o que vale, mas veja nas fotos que estão na galeria e diga-nos se não é verdade que é assim que este BMW dá prazer de ver? Fechado, é mais um coupé cuja capota rígida estraga um pouquinho a sensualidade das curvas.

Interior belo e com qualidade

Entrar para o BMW Z4 sDrive 35i (mas porque raio a BMW se lembrou agora de ter nomes tão grandes?!) é um exercício que não está ao alcance de todos. A embaladeira é alta – e tinha de o ser para conferir a elevada rigidez torsional que exibe quando aberto – e o banco… baixo. O processo acaba por ser mais simples e ser for a dar para o magro, basta deixar-se cair no banco e já está.

E quando nos acabamos de ajeitar e levantamos os olhos PUM! levamos uma bofetada de bom gosto e qualidade. Lembrando um pouco o poderoso (e hoje clássico de preço exorbitante) Z8, o tablier está revestido a pele e alumínio escovado, o mesmo material que encontramos na consola central a rodear a alavanca da caixa, o comando do sistema multimédia e o travão de mão eléctrico.

O banco é confortável, deixa-nos bem encaixados e o volante é um mimo, com óptima pega e um tamanho ideal. E com um novo estilo para os comandos do sistema de som e do computador de bordo.

Apesar de algumas diferenças, a verdade é que tudo dentro do Z4 é familiar a outros modelos BMW e por isso a ambientação foi fácil e rápida. A posição de condução é muito fácil de encontrar e a visibilidade para os dois instrumentos principais que têm um aspecto óptimo é perfeita.

Um único senão: o estilo criado pelas duas meninas ou senhoras faz com que seja praticamente impossível ver o final da frente. E se quisermos ficar mais altos, temos depois a limitação da capota que não deixa muitas opções. Quer isto dizer que muitas vezes as tangentes são tiradas por omissão transformando-se de quando em vez em secantes…

Muita qualidade a bordo, tudo em “su sitio” – excepção feita ao facto de não termos espaços para arrumação se excluirmos o que está na consola central e que pelo estilo do interior não é muito fácil de utilizar – e condições óptimas para a prática de um exercício fantástico: conduzir o Z4 sDrive 35i!

Comportamento fantástico

Bem sentados, com uma caixa de velocidades de dupla embraiagem com comando manual controlável pela ponta dos dedos – as patilhas solidárias com o volante podiam ser mais agressivas, logo mais práticas, e a alavanca da caixa é demasiado Série 5… – e mais de 300 CV debaixo do pé direito, para o sonho ficar perfeito faltava uma estrada compatível.

Nessa impossibilidade, decidimos seguir para o habitual percurso de ensaio que mistura troços rápidos com curvas em apoio, com outros muito sinuosos que são um tormento para os chassis e zonas de recta, além de uma passagem pela autoestrada.

Primeiro tivemos quem vencer o receio inicial de estarmos praticamente sentados em cima das rodas traseiras. Percebido o modo de funcionamento partimos para a busca dos limites do Z4 com o DSC ligado (através de botão colocado ao lado da alavanca da caixa e que têm três modos: Normal, Sport [com o DSC mais livre] e Sport + [desliga o DSC]).

Como é habitual, o controlo de estabilidade não é muito brusco, mas o natural comportamento mais pontudo do Z4 leva a que o DSC tenha limites mais curtos. E para que ninguém diga que não fazemos as coisas bem-feitas, fizemos o mesmo percurso com capota aberta e fechada. E em ambos os casos ficámos satisfeitos, mesmo que aberto, o BMW sofra um pouquinho mais. Nada de preocupante, diga-se.

Depois optámos por desligar o DSC, mas aí as coisas complicaram-se. O Z4 continua a satisfazer, mas são necessárias mãos precisas e muita crença nas capacidades de pilotagem, pois os 306 CV e o binário de 400 Nm incutem respeito. Experimentámos, mas dois ou três ameaços foram o suficiente para darmos por terminado o processo e regressámos ao modo Sport. Questão de brincar mas com rede…

Por tudo isto que já referimos, o BMW Z4 sDrive 35i DKG é um caro assombroso que nos deixou embasbacados. E piores fic+amos quando percebemos que o preço final ultrapassa os 70 mil euros (esta unidade ficava próximo dos 90 mil!).

Um preço só ao alcance de certas bolsas, mas que justifica cada cêntimo que custa e a profunda inveja que temos por aqueles que possam comprar um.

Características técnicas

Motor – 6 cil. 24V; 2979 c.c.; duplo turbo e injecção directa; Potência (CV/rpm) – 306/5800; Binário (Nm/rpm) – 400/1300-5000; Transmissão – Traseira, caixa semi-automática de dupla embraiagem com 7 vel.; Suspensão (fr./tr.) – Independente, tipo McPherson/Independente, multibraços com apoio central; Travões (fr./tr.) – Discos vent. 348 mm/Discos vent. 324 mm; Comp./Larg./Alt. (mm) – 4239/1790/1291; Dist. entre eixos (mm) – 2496; Capacidade da mala (lt) – 180/310; Peso (kg) – 1580; Velocidade Máxima (km/h) – 250; Acel. 0-100 km/h (s) – 5,1; Consumo médio (l/100 km) - 9,0; Emissões CO2 (gr/km) – 210 (Categoria E); Preço – 70.270 euros

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